Editoria de Arte
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Augusto Fiorin
Pode parecer uma simples coceira, mas a doença de Paget, tipo decâncer de mama caracterizado por uma lesão na pele da papila (mamilo) que depois se estende à aréola, pode ser bem mais perigoso do que se imagina, principalmente por causa da falta de informação.
A enfermidade, descrita em 1840, pelo médico francês Alfred-Armand Velpeau e publicada em 1847, pelo cirurgião inglês W
illiam James Paget, que associou a lesão de pele a um câncer de mama, existe há mais de 100 anos e ainda é desconhecida por muitos.
illiam James Paget, que associou a lesão de pele a um câncer de mama, existe há mais de 100 anos e ainda é desconhecida por muitos.
De acordo com o mastologista Nilton Bordin, de Mirassol, a doença caracteriza-se por uma lesão na pele da papila (bico dos seios) e na aréola (círculo de cor mais escura em volta do bico). Normalmente, se inicia na papila e depois se estende até a aréola.
Trata-se de uma lesão eczematosa, pode coçar e sair uma secreção serosa e sanguinolenta. “Às vezes a papila fica inchada e avermelhada. Com o passar do tempo, a lesão cresce, podendo surgir um tumor no interior da glândula mamária”, alerta Bordin.
No meio médico, existem controvérsias quanto à origem da doença. Duas são as teorias básicas que ainda persistem.
No meio médico, existem controvérsias quanto à origem da doença. Duas são as teorias básicas que ainda persistem.
Na primeira, ocorreria uma alteração maligna na epiderme, a camada externa da pele. Pela segunda, haveria um câncer no interior de um duto mamário - cada um dos canais pelos quais os fluidos da mama chegam à papila -, as células migrariam até a papila e causariam a enfermidade na pele.
Mas muitas vezes não foram encontradas células cancerosas ao longo desses dutos, fazendo com que a tese perdesse força. Assim, a hipótese melhor aceita é de que se trata de um câncer que começa no tecido epidérmico da mama. A doença de Paget, normalmente, aparece em apenas uma mama e é mais freqüente em mulheres após a menopausa, ou seja, depois dos 50 anos.
Embora raro, manifesta-se também em homens. A incidência da doença de Paget alcança até 5% de todos os tipos de câncer de mama, constatada nos serviços que se dedicam exclusivamente à enfermidade.
Segundo os médicos que estudam a doença, o grande problema é a confusão cometida por alguns profissionais de saúde envolvendo Paget com doenças de pele.
E muitas vezes, quando a mulher vai ao mastologista, já passou por outros médicos que não desconfiaram que pudesse ser Paget e trataram como se fosse uma dermatite (inflamação de pele).
De acordo com o cirurgião-plástico Newton Roldão de Oliveira, estudioso da doença por fazer reconstrução mamária, quando isso ocorre, de início pode até haver alguma melhora, porém, em seguida, o quadro reaparece, já que o diagnóstico estava incorreto.
De acordo com o cirurgião-plástico Newton Roldão de Oliveira, estudioso da doença por fazer reconstrução mamária, quando isso ocorre, de início pode até haver alguma melhora, porém, em seguida, o quadro reaparece, já que o diagnóstico estava incorreto.
Como conseqüência, a paciente perde um tempo precioso para início do tratamento, estimado em até sete meses.
“A paciente estaria perdendo tempo, dinheiro e se desgastando psicologicamente. Os profissionais da saúde têm de tomar um cuidado grande antes de diagnosticar qualquer tipo de doença. Principalmente no caso do Paget, que tem a mesma evolução dos cânceres de duto de mama”, diz Oliveira.
A conseqüência é que há uma evolução da doença para o interior da mama, complicando o quadro. Com exceção da lesão de pele, a evolução do Paget é a mesma dos cânceres de duto de mama.
Acomete inicialmente o complexo aréolo-papilar. Depois pode surgir um tumor palpável na mama e, às vezes, o comprometimento dos gânglios localizados na axila.
A doença pode espalhar-se a órgãos como pulmão, fígado, ossos e até levar à morte. Segundo o médico, o diagnóstico precoce, naturalmente, é a melhor alternativa para a cura.
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