sexta-feira, 30 de maio de 2014

Você pode vencer essa luta

Você pode vencer essa luta - Revista Plástica & Beleza /Nacional

Os tratamentos estão cada vez mais potentes. Mas, a maior adversária do câncer de mama ainda é a prevenção

Ainda hoje, muitas pessoas se comovem com o drama de Linda McCartney: a mulher do ex-beatle Paul McCartney, que morreu aos 56 anos, em 1998, depois de lutar durante três anos contra um câncer de mama. Bonita, rica e famosa, quem poderia imaginar

que seria consumida por uma doença tão cruel? Pois é, o câncer de mama não escolhe suas vítimas.

E o caso recente da atriz Patrícia Pillar prova também que esta doença não é o castigo para quem não se cuida. Aliás por razões ainda pouco claras, este é o tipo de câncer mais freqüente no sexo feminino, sobretudo entre as mulheres de nível socioeconômico elevado, teoricamente as mais esclarecidas.

 Existe, no entanto, um fato indiscutível: o medo do diagnóstico de um mal de efeitos físicos e psicológicos desmedidos tem feito aumentar as estatísticas de óbito por câncer de mama de mulheres de todas as camadas sociais, em todo o mundo.

Mas, nem tudo é desalento. O próprio exemplo de Patrícia Pillar é um sinal de esperança. A atriz detectou o tumor precocemente e pôde combater o câncerlogo no início, porque costumava fazer o que a maioria das mulheres ainda teme - auto-exame das mamas.

Fácil, rápido e indolor, o toque dos seios com as próprias mãos é a arma mais simples contra essa doença que tem cura, quando detectada em seu início. Por isso, não vacile. Aprenda a se cuidar e fique atento a qualquer sintoma suspeito.

Conhecendo o inimigo

Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo. 

Dividindo-se rapidamente, essas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores (acúmulo de células cancerosas) ou neoplasias malignas. Por outro lado, um tumor benigno significa simplesmente uma massa localizada de células que se multiplicam vagarosamente e se assemelham ao seu tecido original, raramente se constituindo num risco para a vida.

Os diferentes tipos de câncer correspondem aos vários tipos de células do corpo. Por exemplo, existem diversos tipos de câncer de pele, porque a pele é formada por mais de um tipo de célula. Se o câncer tem início em tecidos epiteliais, como pele ou mucosas, ele é denominado carcinoma. Se começa em tecidos conjuntivos, como osso, músculo ou cartilagem, é chamado de sarcoma.

Sempre alerta

O câncer de mama é relativamente raro antes dos 35 anos de idade, mas sua incidência cresce rápido acima dessa faixa etária - mata cerca de nove mil mulheres por ano, apenas no Brasil, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA). O sinal mais freqüente é um nódulo ou caroço no seio, que pode passar despercebido, porque nem sempre causa dor ou qualquer outra reação visível. Por isso, não dá para "abrir mão" de nenhum dos três métodos básicos de prevenção e de diagnóstico precoce: o auto-exame das mamas, o exame clínico e a mamografia.

Exame Clínico: deve ser realizado por ginecologista uma vez por ano em mulheres com mais de 40 anos, é capaz de detectar nódulos superficiais bem pequenos (1cm). Nesse exame, o médico apalpa toda a mama, a região da axila e a parte superior do tronco, em busca de algum caroço ou de um aspecto estranho da pele, como retração ou elevação, e de alteração no mamilo (secreção, inchaço ou ferida).

Mamografia: o médico tem condições de visualizar tumores microscópicos. Esse exame, um pouco desconfortável, consiste em colocar o seio entre duasplacas de acrílico, que vão comprimi-lo para poder fazer uma radiografia. Por isso, deve ser realizado uma semana após a menstruação, quando as mamas não estão inchadas e doloridas. É ainda um dos métodos mais eficientes de detecção de nódulos imperceptíveis ao toque dos dedos. Mas, não substitui o auto-exame. "Um método complementa o outro", explica o Dr. Claudio Kemp, mastologista, chefe do setor de Mamografia do Hospital São Paulo, da Unifesp. "E, de acordo com o resultado desses exames, partimos para os mais sofisticados, como o ultra-som, as biópsias, a mamotomia e outros, que vão possibilitar um diagnóstico muito mais preciso".

Ultra-sonografia: trata-se de um importante método auxiliar no diagnóstico de patologias mamárias. A anatomia ultra-sônica informa sobre o estado da pele e dos tecidos subcutâneo, fibroglandular, celular e muscular posterior. Esse exame tem a sua melhor aplicação e os melhores resultados quando feito em mamas de alta densidade. Portanto. é o procedimento de escolha para as mulheres jovens, sendo especialmente indicado na diferenciação entre tumores sólidos e líqüidos (cistos), em processos inflamatórios e na monitorização de punções aspirativas. A associação com o doppler colorido aumentou a sensibilidade diagnóstica e prognóstica do método.

Ressonância Nuclear Magnética: é um exame mais sofisticado, que vem sendo utilizado para complementar o diagnóstico de nódulos e de densidades assimétricas nas mamas, junto à mamografia e à ultra-sonografia. Permite uma avaliação detalhada de nódulos, 

sem a utilização de raios X. Proporcionavisão mais abrangente da região profunda do tecido mamário (próxima aos arcos costais), por isso é um método muito bom para o estudo de nódulos situados nesse local e também para o controle de próteses mamárias. Também tem indicação para complementar a mamografia de pacientes com mamas muito densas (em geral, pacientes jovens ou com "displasia").

Cintilografia: também é um exame mais sofisticado, no qual é injetado um marcador nuclear na circulação sanguínea, e são obtidas imagens das mamas algum tempo depois. Tem sido usado para detecção do câncer inicial de mama (associado à mamografia) e para identificar metástases de câncer de mama para os gânglios axilares (gânglios localizados nas axilas).

Biópsias: o diagnóstico definitivo de algumas doenças da mama, entre elas, o câncer, só é confirmado por meio da biópsia. A biópsia consiste na retirada de parte ou de todo o tecido alterado, para que o patologista possa examiná-lo e classificá-lo. Antigamente, o único meio de obter o tecido para exame patológico era por intermédio de cirurgia. Atualmente, há vários meios de se obter esse material, sendo que cada um desses métodos tem indicação específica:


Punção aspirativa por agulha fina: (PAAF ou FAN). Consiste na aspiração de células do lugar suspeito, através de uma agulha fina e seringa, a agulha é guiada através de ultra-som ou de mamografia. Ela é da mesma espessura de uma agulha de injeção. É um método rápido e indolor (pode ser utilizado anestésico local, embora normalmente não seja necessário), que visa a obter algumas células com as quais são feitas lâminas para exame patológico. A limitação desse método é a quantidade de material que é retirada, às vezes, insuficiente para fornecer um diagnóstico preciso.

- Biópsia de fragmento (Core Biopsy): O tecido é obtido através de uma agulha conectada a uma pistola especial. A agulha é um pouco mais grossa que uma agulha de injeção. É aplicada uma anestesia local antes da coleta do material. Esse tipo de biópsia não requer internação hospitalar, não deixa cicatrizes e permite à mulher que retome as suas atividades habituais no dia seguinte ao procedimento. Como permite a retirada de quantidades maiores de tecido mamário, possibilita o diagnóstico preciso da lesão na grande maioria dos casos.


- Mamotomia: É o método mais recente para realização de biópsia das mamas. Consiste na retirada de fragmentos de tecido alterado com dimensões maiores, o que torna o resultado tão confiável quanto na biópsia cirúrgica. O material é retirado através de uma agulha específica, acoplada a uma pistola especial, após ter sido aplicada uma anestesia local. O procedimento pode ser orientado por ultra-som ou por mamografia. Não requer internação hospitalar. Como a agulha é introduzida através de um pequeno orifício feito com a ponta do bisturi, caso a mamotomia deixe cicatriz, ela será geralmente muito pequena. Dependendo do tamanho da lesão (nódulo ou microcalcificações), ela pode ser totalmente retirada por meio da mamotomia.


- Biópsia cirurgica: É o método mais tradicional de biópsia. Requer internação hospitalar, anestesia de maior porte (comumente anestesia geral), tempo variável de repouso pós-operatório e resulta em cicatriz. Tem a vantagem de dar a oportunidade ao médico de retirar maior quantidade de tecido da mama, se achar necessário.

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